Eu adoro um problema.
Principalmente quando esse
problema estiver em alguém.
É isso.
Adoro alguém com problemas.
Alguém cheio deles.
Aquele moço tão cavalheiro,
tão certinho e amável que faz todas as vontades alheias, não serve.
Aquele moço que acorda cedo,
de bom humor, e deseja um bom dia á todos ao redor;
Esse moço que se distrai por
diversão e não por obrigação, por pensar demais, esse não serve.
Esse mesmo moço que não se
apavora por coisas banais, que não tem medos tolos e que não se tortura por
pensar demais;
Esse que não tem medo de
expressar, de mostrar e falar tudo que pensa;
Esse que nunca sofreu
traumas emocionais que deixaram marcas permanentes na sua personalidade;
Esse que não sofre por
antecedência;
Esse que cria expectativas, e
quando se decepciona, diz estar tudo bem;
Esse que não tem medo da
rejeição e que não tem manias bobas;
Esse moço não serve.
Não para mim.
Dos dois, a maluca seria eu.
Esse moço que vai dormir de
madrugada por pensar demais e acorda todo desconcertado n’outro dia, mandando
todos á merda, ao invés de “bom dia”;
Ah, esse moço...
Esse moço que deixa tudo pra
última hora e não sabe se vai dar tempo de entregar tal trabalho;
Esse que canaliza toda a sua
raiva em músicas de hardcore;
Esse que se diverte espalhando
seus traços em concretos;
Esse que evita dizer o que
sente e o que realmente pensa, por medo de se decepcionar depois;
Esse que se proíbe de se
entregar e gostar. De admitir que está gostando e de continuar. Esse medo de
tentar;
Esse moço que é intenso
quando necessário;
Esse que tem tudo pra não
ser rejeitado, mas ainda sim, pede ajuda aos amigos ao ver alguém interessante.
Essa dificuldade de aproximação;
Esse moço que tem marcas na
pele e na alma, de um passado pesado;
Esse que tem crises de
ansiedade que chegam até a fazê-lo passar mal;
Esse que traga os cigarros
imaginando que assim vai fazer queimar as lembranças ruins que seu passado
deixou;
Esse moço cheio de problemas
sociais, familiares e emocionais;
Eu gosto dele.
Dos dois, eu seria mais uma
maluca.
E com essas nossas maluquices
e problemas, seríamos normais.
Para nós.
E só isso basta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário