sexta-feira, 15 de junho de 2012

Esse moço


Eu adoro um problema.
Principalmente quando esse problema estiver em alguém.
É isso.
Adoro alguém com problemas. Alguém cheio deles.
Aquele moço tão cavalheiro, tão certinho e amável que faz todas as vontades alheias, não serve.
Aquele moço que acorda cedo, de bom humor, e deseja um bom dia á todos ao redor;
Esse moço que se distrai por diversão e não por obrigação, por pensar demais, esse não serve.
Esse mesmo moço que não se apavora por coisas banais, que não tem medos tolos e que não se tortura por pensar demais;
Esse que não tem medo de expressar, de mostrar e falar tudo que pensa;
Esse que nunca sofreu traumas emocionais que deixaram marcas permanentes na sua personalidade;
Esse que não sofre por antecedência;
Esse que cria expectativas, e quando se decepciona, diz estar tudo bem;
Esse que não tem medo da rejeição e que não tem manias bobas;
Esse moço não serve.
Não para mim.
Dos dois, a maluca seria eu.

Esse moço que vai dormir de madrugada por pensar demais e acorda todo desconcertado n’outro dia, mandando todos á merda, ao invés de “bom dia”;
Ah, esse moço...
Esse moço que deixa tudo pra última hora e não sabe se vai dar tempo de entregar tal trabalho;
Esse que canaliza toda a sua raiva em músicas de hardcore;
Esse que se diverte espalhando seus traços em concretos;
Esse que evita dizer o que sente e o que realmente pensa, por medo de se decepcionar depois;
Esse que se proíbe de se entregar e gostar. De admitir que está gostando e de continuar. Esse medo de tentar;
Esse moço que é intenso quando necessário;
Esse que tem tudo pra não ser rejeitado, mas ainda sim, pede ajuda aos amigos ao ver alguém interessante. Essa dificuldade de aproximação;
Esse moço que tem marcas na pele e na alma, de um passado pesado;
Esse que tem crises de ansiedade que chegam até a fazê-lo passar mal;
Esse que traga os cigarros imaginando que assim vai fazer queimar as lembranças ruins que seu passado deixou;
Esse moço cheio de problemas sociais, familiares e emocionais;
Eu gosto dele.
Dos dois, eu seria mais uma maluca.

E com essas nossas maluquices e problemas, seríamos normais.
Para nós.
E só isso basta.

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